Apontados como risco à democracia no país por seu poder e influência
política, milicianos são minoria nos presídios federais, onde predominam
presos do PCC, CV e FDN
por Ele Pais - GIL ALESSI
São Paulo - 19 JUL 2020 - 18:05 BRT
O Bonde dos Cachorros não é um grupo de funk, os Amigos do Estado não
são uma ONG que firma parcerias com o Governo, o Sindicato RN não
defende nenhuma categoria profissional e
Cerol Fino não é um clube de pipa. Estes são os nomes, desconhecidos
para muitos, de algumas das dezenas de facções criminosas brasileiras
que ajudam a compor o complexo cenário do tráfico de drogas e roubos em
seus Estados (respectivamente Pernambuco, Goiás, Rio Grande do Norte e
São Paulo) e no país.
À sombra de grupos maiores como o Primeiro
Comando da Capital, Comando Vermelho e Família do Norte —e muitas vezes
fazendo alianças com eles—, estas facções disputam palmo a palmo nos
presídios e nas periferias do país seu quinhão no milionário negócio da
venda da cocaína, maconha e crack.
A relevância crescente destes
grupos menores fica clara quando se analisa o recorte por facções dentro
do sistema penitenciário federal, que conta com cinco unidades de
segurança máxima espalhadas pelo país.
Nestes presídios onde não há
superlotação —estima-se uma taxa de ocupação de 70% das pouco mais de
800 vagas— nunca foi registrada uma fuga sequer desde a inauguração da
primeira unidade, em 2006.
Estas penitenciárias abrigam apenas os
detentos considerados mais perigosos, com potencial para desestabilizar
as unidades administradas pelos Governos estaduais, ou que continuaram a
dar as cartas no mundo do crime mesmo atrás das grades.
Fernandinho Beira-Mar (CV), Nem da Rocinha (Amigo dos Amigos), Marco
Willians Herbas Camacho, o Marcola (PCC) e José Roberto Fernandes
Barbosa, vulgo Zé da Compensa (FDN), são alguns dos custodiados nas
federais, que já abrigaram também os irmãos Gerominho e Natalino,
fundadores da milícia Liga da Justiça.