Em texto endereçado a Celso de Mello, membros da Força Aérea fazem
referência a episódio em que o ministro do STF foi chamado de "juiz de
merda"
Por Luiz Calcagno
15/06/2020 - Correio Brasiliense
Militares da Força Aérea Brasileira (FAB) entraram de vez na crise entre
o Executivo e o Supremo Tribunal Federal (STF) e enviaram um manifesto
crítico ao ministro Celso de Mello, relator do inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro interferiu politicamente na Polícia Federal, como acusa o ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
O documento conta com a anuência de oficiais do alto escalão das demais
forças militares e foi enviado ao ministro no sábado (13/6), segundo
revelou o jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira (15/6).
O
texto, ao mesmo tempo em que exalta as qualidades de militares, faz
críticas ao poder Judiciário, mencionando, por exemplo, ações baseadas
em subjetividade e uso de "palavreado enfadonho".
"Nenhum Militar
galga todos os postos da carreira, porque fez uso de um palavreado
enfadonho, supérfluo, verboso, ardiloso, como um bolodório de doutor de
faculdade", diz um dos trechos.
Tensão entre Bolsonaro e STF
Um
dia antes do envio do documento a Celso de Mello, o Supremo e o
presidente Jair Bolsonaro fizeram declarações que aumentaram a tensão
entre o Executivo e o Judiciário, sempre tento o papel das Forças
Armadas como centro da discussão.
Na sexta-feira (12/6), o ministro
Luiz Fux concedeu liminar afirmando que as Forças Armadas não podem
atuar como "poder moderador" entre Executivo, Legislativo e Judiciário.
No mesmo dia, Jair Bolsonaro respondeu.
Disse que "as Forças Armadas não cumprem ordens absurdas", que
exemplificou como a tomada de poder, mas que também não aceitarão
"tentativas de tomada de poder por outro Poder da República.