O dinheiro já foi para o ralo — ou melhor, para os bolsos
dos favorecidos, mas a investigação ainda pode punir os responsáveis.
Você já deve ter lido muito sobre a “farra do BNDES” na
época do PT, mas ainda não viu nada igual a isso:
-empréstimos bilionários sem que tenha havido sequer um
pedido do cliente
-financiamentos liberados a partir de apresentações de
slides e conversas informais
-cifras vultosas despejadas em negócios que operavam no vermelho,
a despeito de alertas
-repactuação de dívidas por prazos longos anos, até o
dinheiro evaporar
Tudo isso foi descoberto por uma investigação do Ministério
Público junto ao Tribunal de Contas da União: Crusoé teve acesso exclusivo às
conclusões da apuração e revela tudo em reportagem que acaba de ser publicada:
A investigação abrange casos que, em valores atualizados,
apontam para um prejuízo de 16 bilhões de reais ao banco público.
Os empréstimos feitos pelo banco foram dirigidos a
empreitadas encampadas na era Lula e incluem aportes a empresas de
biocombustíveis, à telefônica Oi e ao frigorífico Marfrig.
Leia um trecho da reportagem exclusiva:

Um dos mais significativos aportes da instituição envolveu a
Companhia Brasileira de Energia Renovável, a Brenco, que tinha participação da
Odebrecht. Foram 7 bilhões de reais emprestados e, até hoje, nunca recuperados…
logo de cara, no primeiro aporte solicitado pela Brenco, o BNDES topou
emprestar 1,23 bilhão de reais, quando técnicos do próprio banco já alertavam
para o ‘alto risco’ da operação. Até 2013, em diversas oportunidades o BNDES
foi informado de que o cronograma de obras estava atrasado. Mesmo assim, as
liberações de dinheiro prosseguiram. A investigação aponta possíveis desvios de
1 bilhão de reais, já que a estimativa do investimento – que serve de base para
o contrato de financiamento – era muito superior aos valores que efetivamente
seriam gastos para construir as usinas.
A Brenco acabou fundida com a ETH, da Odebrecht, e virou a
Odebrecht Agroindustrial, o que até deu novo fôlego à operação. Mesmo assim, o
dinheiro se perdeu. A empresa, que hoje se chama Atvos, pediu recuperação
judicial em meados de 2019, com uma dívida de 12 bilhões de reais…
Em delação premiada, a Odebrecht admite ter feito pagamentos
de 7 milhões de reais a emedebistas em troca da aprovação de uma medida
provisória que beneficiaria a empreiteira no setor do etanol. Isso, claro, além
dos milhões e milhões despejados nas campanhas petistas em troca de benefícios
no governo…
O dinheiro já foi para o ralo — ou melhor, para os bolsos
dos favorecidos.
Mas a investigação ainda pode punir os responsáveis.
O Antagonista