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domingo, 14 de junho de 2020

‘AUTÓPSIA’ NO BNDES DA ERA PT


O dinheiro já foi para o ralo — ou melhor, para os bolsos dos favorecidos, mas a investigação ainda pode punir os responsáveis.
Você já deve ter lido muito sobre a “farra do BNDES” na época do PT, mas ainda não viu nada igual a isso:
-empréstimos bilionários sem que tenha havido sequer um pedido do cliente
-financiamentos liberados a partir de apresentações de slides e conversas informais
-cifras vultosas despejadas em negócios que operavam no vermelho, a despeito de alertas
-repactuação de dívidas por prazos longos anos, até o dinheiro evaporar
Tudo isso foi descoberto por uma investigação do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União: Crusoé teve acesso exclusivo às conclusões da apuração e revela tudo em reportagem que acaba de ser publicada:
A investigação abrange casos que, em valores atualizados, apontam para um prejuízo de 16 bilhões de reais ao banco público.
Os empréstimos feitos pelo banco foram dirigidos a empreitadas encampadas na era Lula e incluem aportes a empresas de biocombustíveis, à telefônica Oi e ao frigorífico Marfrig.
Leia um trecho da reportagem exclusiva:
Um dos ‘cadáveres’ sob análise é a política de produção do etanol. Em 2008, o então presidente Lula profetizou que o Brasil se transformaria em uma ‘Arábia Saudita Verde’, em comparação com o país que é um dos maiores produtores de petróleo do mundo. O Brasil acabou engolido pelos Estados Unidos, que avançaram rapidamente na política de biocombustíveis. O etanol também perdeu força quando foram descobertos os campos do pré-sal da Petrobras. Mas não foi só isso que fez o BNDES perder bilhões ao fomentar as usinas de etanol, quase todas em recuperação judicial hoje em dia. Se tivesse prestado atenção a seus próprios pareceres internos, o banco poderia ter evitado boa parte do prejuízo.
Um dos mais significativos aportes da instituição envolveu a Companhia Brasileira de Energia Renovável, a Brenco, que tinha participação da Odebrecht. Foram 7 bilhões de reais emprestados e, até hoje, nunca recuperados… logo de cara, no primeiro aporte solicitado pela Brenco, o BNDES topou emprestar 1,23 bilhão de reais, quando técnicos do próprio banco já alertavam para o ‘alto risco’ da operação. Até 2013, em diversas oportunidades o BNDES foi informado de que o cronograma de obras estava atrasado. Mesmo assim, as liberações de dinheiro prosseguiram. A investigação aponta possíveis desvios de 1 bilhão de reais, já que a estimativa do investimento – que serve de base para o contrato de financiamento – era muito superior aos valores que efetivamente seriam gastos para construir as usinas.
A Brenco acabou fundida com a ETH, da Odebrecht, e virou a Odebrecht Agroindustrial, o que até deu novo fôlego à operação. Mesmo assim, o dinheiro se perdeu. A empresa, que hoje se chama Atvos, pediu recuperação judicial em meados de 2019, com uma dívida de 12 bilhões de reais…
Em delação premiada, a Odebrecht admite ter feito pagamentos de 7 milhões de reais a emedebistas em troca da aprovação de uma medida provisória que beneficiaria a empreiteira no setor do etanol. Isso, claro, além dos milhões e milhões despejados nas campanhas petistas em troca de benefícios no governo…
O dinheiro já foi para o ralo — ou melhor, para os bolsos dos favorecidos.
Mas a investigação ainda pode punir os responsáveis.
O Antagonista