Ao Congresso Nacional, vice-procurador-geral eleitoral argumentou que a
adoção de protocolos e a redução de casos da covid-19 permitem manter o
calendário.
Por Márcio Falcão e Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília - 09/06/2020
O Ministério Público Eleitoral (MPE) enviou um ofício ao Congresso
Nacional defendendo a manutenção das datas das eleições municipais de
outubro.
A mudança é discutida em função da pandemia do novo coronavírus.
Pelas regras constitucionais, neste ano, o primeiro turno da disputa
deve ocorrer no dia 4 de outubro, e o segundo turno em 25 de outubro.
Segundo o vice-procurador-geral Eleitoral, Renato Brill de Góes, a
adoção de um protocolo e a redução do número de casos da Covid-19, de
acordo com estudos estatísticos, permitem a manutenção do calendário
eleitoral.
Para Góes, caso o adiamento seja inevitável, a melhor
alternativa é realizar as votações em 25 de outubro (1º turno) e 15 de
novembro (2º turno).
O documento foi encaminhado ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Um dos argumentos do Ministério Público pela manutenção das datas é que
adiar as eleições poderia impactar na fiscalização do pleito.
O vice-procurador-geral Eleitoral defende ainda que os mandatos em curso não sejam prorrogados.
O MPE afirma considerar fundamental assegurar um prazo razoável entre a
votação e a diplomação dos eleitos para que seja exercido o dever
público "de defesa da lisura e da legitimidade do processo eleitoral,
por meio do ajuizamento de eventuais ações judiciais”.
No ofício, o
procurador cita estudo realizado pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) em parceria com a Universidade de Bordeaux, na França.
De acordo com o levantamento, os números de casos da Covid-19 devem se estabilizar no fim de julho.
“Nesse contexto, entende-se que a curva preditiva de tais pesquisas
permite sejam mantidas as datas estabelecidas no art. 29, II, da
Constituição Federal para a realização das eleições, afastando-se a
hipótese de seu adiamento”, afirma.
Góes cita ainda que a Coreia do
Sul realizou, em 15 de abril, já em meio à pandemia, as eleições
parlamentares previstas para aquela data.
Na oportunidade, 66,2% da população compareceram às urnas, configurando a mais alta taxa de participação desde 1992.
Outro ponto citado pelo vice-procurador é que ao menos nove países,
entre eles, Estados Unidos, Espanha e Chile realizarão eleições em 2020.