Bandeira sinalizadora da capital passou de amarelo, que é nível 1, para
laranja, de alerta médio, no sábado (13), e prefeitura anunciou medidas
mais rígidas para comércio e empresas.
Por Nadja Mauad, Natalia Filippin e Letícia Paris, G1 PR e RPC Curitiba
14/06/2020 15h43
O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Clóvis Arns
da Cunha, comentou a necessidade de medidas mais rígidas de combate ao
novo coronavírus em Curitiba.
Segundo ele, a decisão de novas medidas para comércio e empresas reflete o agravamento do quadro da Covid-19 na cidade.
No sábado (13), a Secretaria Municipal de Saúde anunciou que a bandeira
sinalizadora da situação passou de amarelo, que é o nível 1, para
laranja, nível 2, de alerta médio, e publicou um novo decreto com mais
restrições.
"Infelizmente, a sociedade vai ter que dar um passo para
trás e não temos outra opção a não ser fazer agora o isolamento social
mais amplo, como fizemos em abril e maio. Que possamos, em breve, voltar
a abrir essa parte da economia", disse.
Cunha destacou que o número
de casos aumentou significativamente, principalmente em casos que
precisam de internamento nos hospitais e até de internamento em Unidade
de Terapia Intensiva (UTI).
Segundo ele, o número de casos aumentou
em três vezes, em 14 dias, em Curitiba, e o número de leitos
hospitalares de UTI também registrou aumento expressivo de ocupação.
"A gente estava de 30% a 40% de ocupação e foi para 60% nas UTIs disponíveis. Realmente é preocupante", relatou.
Ele afirmou também que, "se a sociedade fizer a parte dela", em um
período entre quatro e seis semanas, será possível voltar ao estágio de
abertura vivido há cerca de duas semanas, com os riscos da pandemia
controlados.
"Não tendo medicação eficaz e nem vacina, nós vamos ter
que ficar abrindo e fechando o comércio provavelmente até o final do
ano", destacou Cunha.
O presidente da SBI afirmou que a colaboração
da sociedade é fundamental no controle da situação na cidade de Curitiba
e no estado do Paraná.
Ele disse que a desobediência sobre as
orientações de prevenção, constatada em estabelecimentos, nas últimas
semanas, agravou o quadro de risco diante da pandemia.
"Os jovens
foram para a balada, foram para festas, com aglomeração de 200, 300
pessoas em ambientes que ficavam um ao lado do outro, sem nenhum tipo de
cuidado", afirmou.
O especialista disse que "não adianta as
crianças e adolescentes sem aula, os idosos se cuidando, quando o jovem
vai para a balada e não se cuida porque é ele que vai levar a infecção
para o pai, para o avô".
Conforme destacado por Cunha, antes da
metade do mês de julho, são poucas as chances de voltar a ter a economia
aberta como havia até esta semana.
"Parte da população não fez a sua parte, e nós lamentamos muito isso", concluiu.
Clóvis da Cunha disse que é necessário que a população entenda que,
para quem não teve um parente ou amigo que precisou de hospital ou de um
leito de UTI, é preciso acreditar que a situação da Covid-19 pode ser
ainda mais grave.
Como exemplo de situação extrema a que pode chegar
o Paraná e Curitiba, ele citou os problemas enfrentados por São Paulo e
Rio de Janeiro.
"Eu não consigo ver uma situação mais triste na
vida do que um parente, um amigo, não poder ter um leito de UTI, sabendo
que o leito vai fazer a diferença, vai salvar a vida dele com uma
chance muito maior", comentou.