A Justiça de Bela Vista do Paraíso (Região Metropolitana de Londrina) soltou o diarista Agnaldo Ferreira da Cruz, que atirou em um senhor de aproximadamente 50 anos enquanto os dois caçavam paca, roedor com hábitos noturnos da América do Sul.
O homem confessou o disparo, mas disse ter acionado acidentalmente a espingarda adaptada para o calibre 22, que estava com uma munição. O tiro atingiu a cabeça da vítima, levada pelo amigo ao hospital da cidade. O caso ocorreu há uma semana.
Na unidade de saúde, funcionários relataram à Polícia Militar o grave quadro do baleado. Ele morreu dois dias depois.
Durante a audiência de custódia, o juiz Helder José Anunziato não arbitrou fiança pela "situação financeira" do acusado para conceder a liberdade provisória, mas determinou que Cruz, além de outras medidas, não deixe o município por mais de dois meses sem autorização judicial.
Segundo o advogado Alessandro Cogo, o atirador e o colega eram companheiros de caça de longa data, atividade que praticavam com frequência.
"A tese da defesa só será traçada depois do eventual oferecimento da denúncia, mas uma coisa já foi demonstrada: o Agnaldo não teve a intenção de matar o amigo", explicou.
Apesar de ter até um mês para encerrar a investigação, o delegado de Bela Vista do Paraíso, Luís Timossi, adiantou à FOLHA que deve encaminhar o inquérito ao Fórum na semana que vem.
À Polícia Civil, o diarista apresentou a mesma versão dada na sessão de custódia.
"Todas as provas indicam que houve descuido. Pode até parecer inofensivo, mas adaptação destas armas de pressão acarreta uma série de problemas", argumentou.
Agnaldo Ferreira da Cruz deve ser indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e porte ilegal de arma. A caça animal também pode render uma autuação ambiental.
Rafael Machado
Grupo Folha