Curitiba - O juiz federal Sergio Moro, responsável por julgar
os processos da Operação Lava Jato em primeira instância, disse nessa
sexta-feira (10) que não pode se manifestar a respeito do convite feito pelo
presidenciável Alvaro Dias (PODE-PR).
Durante a convenção de seu partido, no último sábado (4), em
Curitiba, o senador anunciou que, se eleito, convidaria o magistrado para ser
ministro da Justiça.
"Informo aos jornalistas e publicamente que reputo
inviável no momento manifestar-me, de qualquer forma e em um sentido ou no
outro, sobre essa questão, uma vez que a recusa ou a aceitação poderia ser
interpretada como indicação de preferências políticas partidárias, o que é vedado
para juízes", afirmou Moro.
Alvaro havia justificado a pretensão de ter o juiz no
primeiro escalão de um eventual governo devido ao trabalho que ele realiza na
Operação.
"Ele [Moro] não sabe, eu não avisei, eu o convidei
porque ele é o ícone da nova justiça que queremos para o País, e tem que
continuar esse trabalho de limpeza. A Lava Jato está tirando essa sujeira
debaixo do tapete e tem que continuar. É emblemática essa escolha, esse convite
público".
Com ou sem o aval de Moro, o convite acabou virando mote de
campanha. Foi, inclusive, relembrado diversas vezes no primeiro debate dos
postulantes ao Palácio do Planalto, na noite de quinta-feira (9), na TV
Bandeirantes.
Logo no primeiro bloco, quando teria de responder a uma
pergunta sobre combate ao desemprego, o senador falou que continuará
"combatendo os privilégios e combatendo a corrupção". Na sequência,
emendou: "por isso eu já convidei publicamente o juiz Sergio Moro".
Alvaro reforçou o convite em mais duas oportunidades: ao
citar que "a Lava Jato é prioridade" e ao assegurar que em sua gestão
viraria "política de Estado permanente".
Folha de Londrina