BRASÍLIA - O Ministério da Saúde declarou nesta sexta-feira,
20, estado de transmissão comunitária do novo coronavírus em todo o Brasil.
A ação tem a intenção de unificar ações em todos os Estados
e tornar mais restritivas as medidas de contenção do covid-19, como a restrição
da circulação de pessoas acima de 60 anos.
O documento também garante a possibilidade de atestado
médico para a família de pessoas com sintomas de gripe, independente da idade.
O vírus já deixou pelo menos 11 mortos no País.
Os Estados que já registraram a transmissão comunitária,
também conhecida como sustentada, são Rio, Minas, Santa Catarina, Pernambuco,
Rio Grande do Sul e São Paulo.
Este tipo de propagação é caracterizado no momento em que
não é mais possível identificar a origem da contaminação de uma pessoa naquela
cidade. Ainda assim, o governo decidiu ampliar a medida para todos os entes da
federação.
Como se proteger
Pelo texto, pessoas com sintomas de gripe serão tratadas
como se estivessem com o covid-19, mesmo antes de realizar o exame. Os sintomas
considerados são tosse seca, dor de garganta ou dificuldade respiratória, acompanhada
ou não de febre.
"Para contenção da transmissibilidade do covid-19,
deverá ser adotada como, medida não-farmacológica, o isolamento domiciliar da
pessoa com sintomas respiratórios e das pessoas que residam no mesmo endereço,
ainda que estejam assintomáticos, devendo permanecer em isolamento pelo período
máximo de 14 (quartorze) dias", diz o texto.
Os familiares do paciente com suspeita de covid-19 não
precisarão ir pessoalmente à unidade de saúde, mas será preciso apresentar declaração
com a relação de pessoas que residem no mesmo endereço.
Para os idosos, as recomendações ficam ainda mais expressas
no que diz respeito ao isolamento social.
Como eles fazem parte do grupo de risco, que demandam maior
número de internações, a iniciativa tenta evitar a superlotação de hospitais
caso haja muitas contaminações simultâneas.
"As pessoas com mais de 60 (sessenta) anos de idade
devem observar o distanciamento social, restringindo seus deslocamentos para
realização de atividades estritamente necessárias, evitando transporte de
utilização coletiva, viagens e eventos esportivos, artísticos, culturais,
científicos, comerciais e religiosos e outros com concentração próxima de
pessoas", afirma o documento.
Conforme o Ministério da Saúde, a decisão de ampliar a
classificação observa "o comportando do vírus" e permite a
"adoção de medidas padronizadas".
Nesta sexta-feira, o ministro Luiz Henrique Mandetta
demonstrou preocupação com a transmissão comunitária.
Ele falou que o crescimento do covid-19 no Brasil tem
ocorrido de forma nacional, em bloco, o que pode dificultar ainda mais o trabalho
de monitoramento e controle da doença.
Nesta sexta-feira, o número de mortes decorrentes do novo
coronavírus chegou a 904 e o número de mortes subiu para 11.
"À exceção da região amazônica, da região Norte, todas
as outras regiões estão fazendo aumentos sistemáticos em bloco. O que poderia
ser em uma região, me parece aumentando em bloco em todos os estados. Parece
uma coisa vindo em relação a um cenário muito mais de característica nacional
do que regional", avaliou Mandetta na noite de quinta-feira.
O ministro lembrou que na China, país com maior número de
casos até o momento, a epidemia ficou concentrada na cidade de Wuhan, marco
zero do novo coronavírus.
Outras cidades chinesas, de acordo com ele, não tiveram
surtos epidêmicos como os que começaram a ocorrer no Brasil.
Fonte: Estadão