Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
alertou sobre os riscos de tratamentos para o novo coronavírus
(SARS-CoV-2) que utilizam Ivermectina — remédio normalmente indicado
para o combate de vermes e parasitas.
De acordo com o órgão, não há comprovação científica de que a ivermectina seja efetiva no tratamento da COVID-19.
Se por um lado não há comprovações da eficácia do anti-parasitário, por
outro lado está documentado os efeitos colaterais e os riscos do uso do
medicamento sem prescrição médica.
“No caso da Ivermectina, os principais problemas (eventos adversos) são:
diarreia e náusea, astenia [perda da força física], dor abdominal, anorexia, constipação e vômitos;
em relação ao sistema nervoso central, podem ocorrer tontura,
sonolência, vertigem e tremor. As reações epidérmicas incluem prurido,
erupções e urticária”, afirma a nota da Anvisa.
A questão principal é
que ainda não existem estudos conclusivos que apontam para o uso seguro
desse medicamento no tratamento da COVID-19.
“Assim, não há
recomendação, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados
ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus”,
pontua a Anvisa.
“Ressaltamos que a automedicação pode representar
um grave risco à sua saúde. O uso de medicamentos sem orientação médica e
sem provas de que realmente estão indicados para determinada doença
traz uma série de riscos à saúde”, alerta o órgão de vigilância
sanitária.
No cenário de tratamentos para a COVID-19, o Brasil não
tem um medicamento específico para esse fim, somente para os sintomas de
pacientes com o novo coronavírus.
“Os medicamentos atualmente
aprovados são utilizados para tratamento dos principais sintomas da
doença, como antitérmicos e analgésicos. Para casos em que há infecções
associadas, recomenda-se usar agentes antimicrobianos (antibióticos)”,
esclarece a Anvisa.
O que acontece é que determinados medicamentos podem ser usados em situações especiais, como pesquisas científicas.
O que é a ivermectina?
A ivermectina é um medicamento aprovado para uso desde 1999 e, nos
últimos anos, demonstrou ter atividade antiviral in vitro - apenas
dentro do laboratório, em experimentos controlados - contra alguns tipos
de vírus.
Até o momento, existem mais de 25 estudos clínicos no
mundo propostos para avaliar a eficácia da ivermectina para o tratamento
do novo coronavírus.
No entanto, segundo a Anvisa, “não existem,
ainda, resultados conclusivos sobre a eficácia da ivermectina no combate
à COVID-19.
Também não existem dados que indiquem qual seria a
dose, posologia ou duração de uso adequada para impedir a contaminação
ou reduzir a chance de gravidade da doença”.
Isso porque os
resultados encontrados in vitro podem ser muito diferentes dos
encontrados in vivo, ou seja, quando testada em pacientes humanos.
Pela falta de estudos conclusivos, o medicamento não pode ser considerado como eficaz para o tratamento da COVID-19.
Por exemplo, para a aprovação de novas indicações terapêuticas para um
medicamento é necessário a demonstração de segurança e eficácia em um
número representativo de participantes, o que ainda não ocorreu.
“No caso da Ivermectina, contudo, os estudos disponíveis acerca da sua
eficácia no tratamento da COVID-19 ainda não são conclusivos”, completa.
Fonte: Canaltech