O pequeno município de Cruzeiro do Oeste, de 21 mil
habitantes, localizado no noroeste do Paraná, a 563 km de Curitiba, faz parte
da história da paleontologia mundial desde agosto de 2014, quando foi anunciada
a descoberta de restos fósseis de 47 pterossauros - répteis voadores, parentes
dos dinossauros - de uma espécie até então desconhecida.
Batizada de Caiuajara dobruskii, ela viveu há cerca de 80
milhões de anos. Agora, em breve, o status do local deve ganhar maior
importância, porque é bem provável que sejam encontrados no mesmo sítio ovos
desses animais, bem mais difíceis de ser achado do que ossos.
A quase certeza é do paleontólogo Alexander Kellner, diretor
do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos
líderes da equipe que descobriu os restos fossilizados em 2014.
De acordo com ele, o local - o leito de uma antiga estrada e
barrancos adjacentes - tem "potencial enorme" para abrigar ovos
fossilizados de pterossauros.
"Escavamos uma área de apenas 20 m² em um sítio que,
segundo estimamos, pode ter cerca de 400 m²", diz. "Como encontramos
muitos fósseis juntos, é possível que sejam achados ovos. Em breve
reiniciaremos as escavações."
Ele baseia essa previsão na comparação com as outras duas
únicas áreas conhecidas no mundo com grande concentração de fósseis de
pterossauros, uma no deserto de Hami, na província autônoma de Xinjiang, no
noroeste da China, e outra, na Argentina.
"Em ambas foram encontrados ovos e em Cruzeiro do Oeste
não, mas é uma questão de tempo", prevê Kellner.
BBC News